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  • Foto do escritorLeo Viramundo

Como a lâmpada

Era noite alta e sem lua. Eu fumava sentado na soleira e reparei que, para além do alcance da pequena lâmpada que havia do lado de fora, a realidade se desfazia no breu absoluto. Fiquei pensando sobre a lâmpada. Normalmente não olhamos para ela. Digo, quase nunca olhamos diretamente para ela. Até porque dói nos olhos. Ela nunca é o foco das atenções.

No entanto, de tudo aquilo o que vemos, vemos apenas a luz que sobre esta coisa incide. Se não houver luz, nada vemos. Num ambiente bem iluminado, a lâmpada nem se faz notar. Na escuridão, sua presença é percebida de longe.

Neste momento de sombra, tudo aquilo que meus olhos podem ver só é perceptível aos meus sentidos porque vejo a luz que irradia da lâmpada. Porque o brilho que dela emana imediatamente inunda tudo à sua volta, trazendo à vista todas as coisas nas quais ele toca.

Então, fico pensando comigo...

Hoje em dia, todo mundo quer tanto aparecer a qualquer custo. Quer sempre ser o foco das atenções. Fazem de tudo para estar o tempo todo sob o faixo luminoso dos holofotes da mídia, da moda, da amada, da máquina, do amigo... Da mente. Da vida.

Mas eu... não.

Quero ser como a lâmpada.

Não quero aparecer.

Eu quero brilhar...

 

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Revirando o mundo, até ao fundo abismo desce

Em seus avessos empreendimentos estéticos.

Invertendo os contextos, entretanto, se esclarece

No enigma sutil de seus invertextos entrepoéticos.

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